20 junho, 2007

A moral por um fio dental - Px Silveira.

A moral por um fio dental.
Px Silveira
Declino, de entrada, que esses escritos abaixo devem ser ouvidos como uma canção e são frutos de conversas amigáveis com Jorge Mautner e Batista Custódio. Cada um por sua vez e turno, são dois seres iluminados e dos mais estranhamente lindos que existem sobre essa terra. E ainda que jamais tenham se comunicado ou encontrado fisicamente, percorrem caminhos por vezes iguais e que até chegam a se cruzar. É Jorge, por exemplo, quem interpreta o tributo a Fábio Nasser, emprestando a magia de sua voz dominante e aveludada à canção A vida que Deus te deu, cujo lançamento se dará em tempo breve.Esses dois personagens singelos, porém implacáveis, impiedosos e surpreendentes combatentes do bem, descortinam suas vidas no palco Brasil, onde não faltam emoções. Eis que vivemos em um País de presidente operário, ministro tropicalista e dado a se recriar, por causa mesmo dessas pessoas entre nós. O problema, diga-se de passagem, é que tem a outra banda. E os da parte viva são corriqueiramente temperados e às vezes sufocados pelos da parte podre. Mas deixemos isso de lado, ao menos por enquanto. E vamos direto a um assunto emblemático que deve estar, também, ocupando seus momentos de reflexão. É que no eterno e diuturno conflito entre o novo e o velho, cujo parênteses é o presente que vivemos, a mídia finalmente nos reflete os sinais de que alguns movimentos de minoria estão conseguindo tornar-se símbolo exemplar do avanço social entre nós. Enquanto isso, na outra banda, igrejas e derivados se revezam e resistem lutando para ungir qual de seus movimentos é o mais refratário às mudanças e às chegadas de parâmetros mais diversificados para interpretar o mundo em que vivemos.Entre estes dois pólos, vejo que Batista e Mautner, apenas por questão de princípios, certamente fariam parte da Parada Gay e não da Parada Evangélica, para citar dois exemplos que aconteceram semana passada em São Paulo. Nestes dois eventos, temos representadas duas pontas de iceberg da sociedade. A Parada Evangélica é a voz conservadora, tentando ecoar não o perdão, mas a punição divina, e assim ser exatamente o contraponto à dita “ameaça” modernizadora e libertária representada pelo movimento GLS, GLBT e outras bandeiras de orgulho (a gente nunca sabe quantas ao certo), que se reúnem na Parada Gay. E entre esses dois eventos balança o coração do povo, cujos atos vêm como avalanche. E da urna do asfalto, que recebem passos ao invés de cédulas virtuais, de forma decidida e avassaladora, eis que o povo está tentando nos dizer que alguma coisa está errada, embora não se saiba exatamente o quê. A nosso socorro, podemos evocar os números, em sua linguagem direta e sem filigranas conceituais.A também recente missa do papa Bento, na mesma capital, teve 150 mil espectadores. A Parada Evangélica, 1 milhão de pessoas. E a Parada Gay, 3 milhões de cidadãos expressando o gosto pela liberdade, diversidade e alegria de se ser o que se é. Diante destes números, constatamos mais uma vez que o povo brasileiro é fruto de uma amálgama de que já falava José Bonifácio e que lhe impõem a modernidade como modelo. Se por um lado – e com razão – os pais manifestam preocupação pelo que é de seus filhos, o medo que eles caiam nas mãos de traficantes e de molestadores sexuais, entre outros medos menores, ao mesmo tempo esses mesmos pais são totalmente a favor das liberdades atuais. Por isso não há como fugir do problema, que falsamente tem se proposto como dilema da civilização. Com o temor no altar, os pais vêem com admiração a semi-nudez dos carnavais, o andar provocante da moça sensual bem de manhã para ir lânguida comprar um simples pão na padaria mais próxima. Detém-se estes pais boquiabertos frente às gostosas vendedoras de cerveja que nos aparecem em todos os locais e em todos os horários, e não acham nada de mais a beleza estonteante de uma banhista com seu fio dental. E têm razão, os pais, que mesmo desfiando o terço da muleta que lhes oferece a religião reconhecem que a sedução é bela, e quem a pratica são todas criaturas acima do bem e do mal. Essa é uma das constatações que provam quão ondulante é a linha da moral, que pode aceitar como extremamente natural algo que a hipocrisia taxidermisa como um dos mais graves sinais do final dos tempos.Assim caminha a humanidade neste chão do Brasil. Enquanto os protagonistas dos poderes estabelecidos nos matam de vergonha de ser brasileiros, com sua moral desviante e com a nudez espiritual expostas nos escândalos que não param de se sucederem uns aos outros. Portanto, é falso o dilema da maior liberdade ou maior repressão. Todo este debate, com seus ares ameaçadores e temerosos, é alimentado justamente por aqueles que não querem debater, que assim puxam factóides para o primeiro plano, porque têm muito a esconder nos bastidores. É lá, finalmente, onde grassa a hipocrisia. É de lá dos bastidores humanos que provêm os discursos mais inflamados, pois ela, a hipocrisia, é que lhes serve de adubo. Já a moral, essa vem do povo. E somente o povo que a conduz, constrói e determina. Estamos falando da moral que é validada – e não da que é imposta e vencida com o tempo. Neste contexto, a pujança da Parada Gay é o sinal de que ela vai bem, a moral, apesar dos tiros nas asas. Ao contrário do que nos querem dizer e fazer acreditar, aqui no Brasil, país mais do que especial, a moral mantém-se incólume e salva por um fio, o fio dental.

14 outubro, 2006

"Pérolas da MPB"

Quando se fala em MPB, logo imaginamos Chico Buarque, Milton Nascimento, Cartola, dentre outros. Mas além dessas unanimidades na MPB, existem as pérolas da MPB, que são cantores e cantoras pouco conhecidos (as), mas que não perdem para as unanimidades.
Uma das pérolas mais secretas que temos, é Baiana, conhecida por alguns como: o João Gilberto de saias, pois como o cantor possui uma voz cálida, doce e afinadíssima. Esta exímia cantora é Rosa Passos. Dona de uma voz encantadora, que nos absorve e nos leva a um prazer imediato. Hoje é uma das maiores estrelas da MPB moderna, com influências do Jazz e Samba. Sua fama realmente começou em 1991, quando verdadeiramente aproximou-se da Bossa Nova, gravando músicas de Tom Jobim. A partir daí realiza turnês pelos Estados Unidos, toda a Europa e Japão, sempre cantando temas próprios e interpretações atemporais de Gilberto Gil, Djavan, Dorival Caymi, Ary Barroso, Edu Lobo e outros. Em suas gravações e shows conta com a participação de músicos como Ivan Lins, Chico Buarque, Yo-Yo Ma e Ron Carter. Rosa, na maioria das vezes, tenta evitar a obviedade, sempre surpreendendo o público.
Outra pérola que não podemos deixar de citar é Zé Luiz Mazziotti, paulista. Conhecido como o “cantor dos cantores”, Mazziotti já gravou com Chico Buarque, fez parceiras com Gal Costa, João Bosco, Menescal, Lucinha Lins, Rosa Passos, Fátima Guedes, João Donato, Nana Caymi e muitos outros. Em 1976 foi convidado por Ivan Lins para interpretar a música “Dona Benta” da primeira versão da série “Sítio do Pica-Pau-Amarelo” da TV Globo e passa a fazer parte da equipe Zurana, produtora de Jingles, que conta com nomes como o próprio Ivan Lins, Djavan entre outros. Participou do “Projeto Pixinguinha” apresentando-se em várias cidades e capitais do Brasil. Em 1992 numa visita ao Brasil, participou do festival da TV Record, onde ganhou o prêmio de melhor intérprete. Zé Luiz Mazziotti é o cantor preferido dos músicos da nossa melhor MPB.
Mas não pense que não temos pérolas em Goiás, temos sim. Um exemplo bem claro é Gustavo Veiga. Gustavo se destaca bastante no meio musical goiano por ter uma bela voz, ótimas composições, algumas ao lado de Carlos Brandão, jornalista do DM, e uma sensibilidade que atrai o público. Gustavo é realmente um “goiano do pé rachado” , tem descendência da Cidade de Goiás, com um sobrenome que diz tudo, a arte está nas suas veias. É tataraneto de Veiga Valle, artista reconhecido em todo Brasil. Já participou de projetos consagrados como: Pixinguinha, cantando ao lado de Elizeth Cardoso. Montou seu show, CARAVANA, acústico, sem bateria e baixo, apenas com violões aço, percussão, flauta e violoncelo. Neste ano, Gustavo completa 30 anos de parceria com Carlos Brandão, em homenagem lançou um CD, Labirinto, sua masterização está sendo feita em Los Angeles, Califórnia, EUA.
As pérolas precisam ser descobertas, antes que morram.

13 outubro, 2006

"Cheguemos"

Graças ao Mestre Kami estou aqui.
Ainda não sei mexer nisso aqui direito, mas com o tempo aprende.
Aqui eu vou falar, ou melhor, escrever um monte de verdades e inverdades que verdadeiramente devem ser ditas. Vocês lerão um monte de coisas legais, ou um monte de merda, cabe à você decidir o que é que está lendo, se é um monte de coisas legais, ou se é merda, se for coisa legal, mande pro estômago, se for um monte de merda, mande também. Então, vamos à Lula, ops, luta.


Cara, eu sempre vejo um pessoalzinho por aí, falando d'uma tal de eleição, segundo turno, voto, ai eu resolvi pesquisar.
O negÓCIO é masssa, cara.
Agora aqui em Goiás teremos segundo turno pra governador e pra presidente. Para governador, o Cidinho já ganhou, seus eleitores podem até cantar a vitória antes da hora, mas para presidente, o negÓCIO tá feio.
Sabe-se que, no governo Lula as verbas para a cultura aumentaram bem em relação aos governos anteriores, mas será que isso é puro mérito do Excelentíssimo Senhor Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva? Ou será que é a populção que tem cobrado mais de seus governantes? Eu fico com a primeira opção. Creio que hoje em dia, as pessoas estão comendo muito miojo, portanto não cobram nem cultura do governo, imgina se cobrarão respeito, ética,um bom governante, escrúpulo? Mas a culpa não é meramente do povo, nem apenas do governo, acho que a culpa está principalmente na mídia. A mídia tem comprado muitos "artistas do povo" ou melhor dizendo: "artistas populares". Antigamente os artistas do povo eram: Chico Buarque, Miúcha, Mazziotti, Edu Lobo, Bethânia, Jane Duboc, dá até pra engolir um Gilberto Gil e um Caetano Veloso com seu tropicalismo. Hoje em dia os artistas do povo são nada mais, nada menos que: Zezé de Camargo e Luciano, Leonardo, Banda Colapso, Bonde do tigrão, Tati-Quebra-Barraco, Bruno e Marrom...Logo, vê-se que a culpa não é só do povo e governo e sim da mídia que compra MUITO miojo, porque é barato, vende muito, é de fácil digestão pra maioria, e difícil prum pequeno grupo, e logo logo já é descartado. Não estou ridicularizando o nível musical destes artistas, nem o nível cultural, pois cultura de um povo é a junção de diversos gostos musicais, de costumes, de culinária até de moda, mas estou criticando que eles têm muito "poder" pra levar mais conhecimento à sociedade, mas não! Eles preferem ficar com as suas músicas que falam de cerveja, mulher, pescaria e afins.
Nada contra, mas os artistas poderiam levar um pouco mais de conhecimento à população, assim como fez nosso ministro Gil, nosso rei Chico Buarque e companheiros. Aqui em Goiânia temos o Centro Cultural Martim Cererê, que sempre está com uma novidade, sempre com bandas de rock, com peças teatrais, muitas vezes temos boa música, outro dia assisti ao show do Celso Viáfora, um cara espetacular. É assim que tem que ser mesmo, essa miscelânea de gostos, pois isso é cultura, mas os artistas pelo menos deveriam se preocupar em levar um pouco mais de conhecimento e cultura ao povo, não apenas levar ruídos que servem como descontração pra tomar uma cervejinha no fim da tarde de sexta feira, ou pra ir no show e cantar como uma máquina as músicas sem parar pra ouvir o que sua essência diz. Isso é foda. O povo tem que cobrar um pouco mais de alimento pro cérebro, ou então ele morrerá de "fome".